FORMAÇÃO CONTINUADA EM ATENDIMENTO FRATERNO
PROGRAMA JORNADA FRATERNA
TEMÁTICA: INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS – OBSESSÃO

CRIANÇA OBSIDIADA

ARTIGO:
“Atendimento Fraterno à Família da Criança Obsidiada”. Por Neuza Zapponi-Mello. Revista Reformador, dezembro, 2015. Brasília: FEB. Págs. 40-42.

TRANSCRIÇÃO:

Atendimento fraterno
à família da criança obsidiada

NEUZA ZAPPONI-MELLO
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     Pais ou responsáveis por uma criança perturbada por influenciação espiritual deletéria (obsessão), ao buscar auxílio no Centro Espírita, podem ser encaminhados ao Atendimento Fraterno. Reunimos notas sobre o atendimento a essas famílias, a começar pela essência da situação.
    O quadro obsessivo. Inclui pelo menos três componentes: um Espírito multimilenar em corpo de criança, ligado a outrem por compromissos do passado, frequentemente por ato deletério ou acumpliciamento; adultos diretamente responsáveis pela criança; e o Espírito obsessor, que pode ser visto como “o irmão a quem os sofrimentos e desenganos desequilibraram”. (1)
    A situação de obsessão. Segundo explicação do Instrutor Alexandre a André Luiz (Espíritos), uma situação de obsessão representa

[…] o ato presente do drama multissecular de cada um. [Pois] que obsidiado e obsessor são duas almas a chegarem de muito longe, extremamente ligadas nas perturbações que lhes são peculiares. […] (2)

    Sintomas comuns à criança obsidiada. Perturbações de sono, terror noturno, inquietação, medos específicos e/ou generalizados, depressão, choro e emotividade exacerbada, agressividade, ausências (não explicadas pela ciência médica). Coexistem, em dormência relativa, sentimentos de culpa ou remorso, potencialmente propiciadores de conexão vibratória com o obsessor; medos de represálias ou de aprisionamento; sensação de perigo iminente ou ameaça constante.
    Objetivos da reencarnação da criança. Reeducação e reforma íntima, moral, refletida nos sentimentos e ações, com regeneração, através do amor, de situações e laços anteriormente rompidos ou corrompidos. Yvonne Pereira assevera que, para o obsidiado, a renovação moral, praticada cotidianamente, é a principal terapêutica, sem a qual ele “jamais deixará de se sentir obsidiado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere”. (3) No caso da obsessão infantil, o compromisso de conduzir a criança pelos caminhos da autorrenovação é daqueles que são responsáveis por ela.

O atendimento fraterno pelo diálogo com os pais

    Recomendamos que os pais da criança sejam recebidos e atendidos conforme orientações do livro: Atendimento Fraterno no Centro Espírita: A Terapêutica do Cristo Consolador (4). O Atendente desenvolverá, dialogando, as funções de acolhimento, consolo e orientação para o encaminhamento da família à luz da filosofia e da ética espíritas.
    Os contatos com a família necessitada demandam do Atendente sólida sustentação amorosa derivada de posturas íntimas de aceitação, compreensão profunda, serenidade, paciência e paz, a refletirem a misericórdia compassiva do Evangelho do Cristo. Essas qualidades vibratórias envolvem a família em uma psicosfera de confiança na ajuda oferecida, o que fortalece a sua disposição para realizar as ações recomendadas.
    É necessário informar aos responsáveis que o renascimento da criança na família é indicativo do compromisso espiritual de protegê-la, educá-la e encaminhá-la para o reequilíbrio existencial, proporcionando-lhe amor, serenidade e harmonia familiares. Será a família, portanto, a responsável por realizar o trabalho cotidiano de encaminhamento da criança aos princípios espirituais, fundamentais para sua libertação.
    Por isso é importante orientar a família a conduzir um programa de reforma íntima segundo os preceitos da doutrina do Cristo, com ênfase na implantação do Evangelho no Lar, na prática de orações e na condução da criança à atividade de Evangelização Infantil, se ela já tiver idade para tanto. Neste sentido, a confreira Suely Schubert nos lembra que

[…] todo trabalho espírita é essencialmente de renovação interior, visando a cura da alma, não a fórmulas imediatistas que adiam a solução final. Infere-se, pois, que o labor desobsessivo à luz da Terceira Revelação tem por escopo a cura das almas, o reajuste dos seres comprometidos e endividados que se deixam enredar nas malhas da obsessão, e não somente afastar os parceiros, adiando o entendimento e perdão. (5)

     Basilar, portanto, na reforma íntima, será o estudo da doutrina através de frequência a palestras, leituras, cursos de educação doutrinária e reuniões de pais na Casa Espírita. O conhecimento sobre as realidades e responsabilidades da vida maior é poderoso auxílio na tarefa de educação da criança obsidiada. Deve também ser sugerido o engajamento da família em trabalhos de auxílio fraterno aos necessitados, conduzindo-se a criança a essas atividades tão logo ela tenha idade suficiente.
    Todo o núcleo familiar deve ser encaminhado à terapêutica espírita por fluidoterapia, cujos recursos – passes e água fluidificada – devem ser ministrados com a maior frequência possível.
    Finalmente, todos devem ser orientados a focalizar sua atenção no bem e na proteção divina, evitando-se a ideia de perseguição espiritual, conscientes de que são capazes de vencer os obstáculos erguidos pela ausência do amor. O cultivo da esperança, do otimismo e da certeza do auxílio espiritual em seus esforços de renovação servirão de incentivos importantes para todos os envolvidos.
    O ideal é que a família receba atenção continuada, isto é, que possa retornar ao Atendimento Fraterno para acompanhamento de seu progresso no trabalho de autodesobsessão e autoeducação e para receber novas orientações, quando necessárias.

A criança obsidiada e o trabalho mediúnico de desobsessão

    Segundo o Espírito André Luiz, deve-se “impedir a presença de crianças nas tarefas de desobsessão”. (6) Isto é, o trabalho mediúnico de desobsessão com atendimento ao obsessor, deve ser realizado sem a presença da criança.
    Crianças saudáveis geralmente não são perturbadas por eventuais contatos naturais com o mundo espiritual. Já o mesmo não ocorre com a criança obsidiada, dada a sua ligação fluídica deletéria com o obsessor. Por isso mesmo, Allan Kardec alerta quanto aos inconvenientes da exposição prematura de uma criança ao ambiente mediúnico, afirmando que

[…] é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobre-excitação. (7)

    Outro ponto a considerar é que o contato da criança com o obsessor poderá reativar lembranças inconscientes sobre as circunstâncias geradoras do elo obsessivo, proporcionando agravamento de sintomas perturbadores que deveriam continuar latentes, uma vez que a função mesma da reencarnação é proporcionar oportunidade de refazer caminhos de forma menos sofrida, pelo esquecimento temporário do passado. Por outro lado, se a criança consegue compreender as expressões do obsessor poderá plasmar em sua consciência de vigília imagens e sentimentos de medo, raiva, revolta ou assemelhados, impressionando-se na posição de vítima ou na postura de luta e rejeição. Esses resultados podem provocar um agravamento da situação obsessiva em contraposição ao propósito de amparar e auxiliar na cura. Neste sentido, André Luiz nos alerta que

[…] cabe-nos recordar que a obra de desobsessão, no fundo, é libertação das trevas de espírito e não existe libertação sem esquecimento do mal.(8)

    Finalmente, consideramos que no tratamento da desobsessão os resultados efetivos não são previsíveis, dada a complexidade das possíveis reações, por parte de cada um dos envolvidos. No entanto, se os encarnados conseguirem utilizar seus recursos pessoais na criação de um clima de amor e perdão, exemplificando concretamente sua adesão aos princípios cristãos e libertando-se para uma vida de paz e solidariedade, crescerão as probabilidades de que, com o tempo, o coração do Espírito infeliz seja tocado e ele se integre na mudança geral. Dessa forma, também o sofredor desencarnado poderá se reconciliar com a vida e se libertar para novas caminhadas evolutivas.

REFERÊNCIAS:
(1) SCHUBERT, Suely C. Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas. 2. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2015. pt. 1, cap. 13.
(2) XAVIER, Francisco C. Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 45. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. 18, p. 308.
(3) PEREIRA, Yvonne A. Recordações da mediunidade. 12. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. O complexo obsessão, it. 8, p. 206.
(4) ZAPPONI-MELLO, Neuza. Atendimento fraterno no centro espírita: A terapêutica do Cristo consolador. ed. 1. Brasília: FEDF, 2015.
(5) SCHUBERT, Suely C. Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e terapêutica espíritas. 2. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. 10, p. 74.
(6) XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. 24, it. 5.
(7) KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 81. ed. 3. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2015. cap. 18.
(8) XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. 62, p. 139.

© Revista Reformador - Federação Espírita Brasileira 2014

Criação e desenvolvimento

Neuza Zapponi de Mello

 É escritora e palestrante; facilita cursos de autotransformação (reforma íntima) e formação de trabalhadores espíritas. Filiações de trabalho: Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF) e Comunhão Espírita de Brasília. Profissional por quarenta e sete anos em Psicologia e Educação. Vasta experiência no atendimento a pessoas em sofrimento profundo (perdas, traumas, crises severas, doenças graves). Professora-doutora aposentada da Universidade de Brasília (UnB). Ex-professora da University of Texas (USA).

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