EM ATENDIMENTO FRATERNO PELO DIÁLOGO
PROGRAMA JORNADA FRATERNA
Esse “deixar ir”, esse “abrir mão” a que somos chamados pela vida, envolve uma mudança interior no nosso psiquismo, que muitas vezes é bastante penosa para nós. Representa um processo de transformação que abrange várias áreas da nossa existência. Seu desenrolar ocorre em tempos variáveis para cada um de nós, porque depende de um trabalho de elaboração íntima, única, a que comumente se denomina “luto”. Luto é, portanto, um processo de trabalho pessoal com as reações de perda, comumente acompanhado de pesar e de dor.
Situações de perda são sempre situações de crise, de conflito. Nós nos sentimos em crise quando estamos em uma situação onde dois ou mais desejos se opõem. No luto, a maioria de nós não consegue aceitar sem sofrimento a realidade que se apresenta no momento, porque nosso sentimento é de que perdemos o contato com algo que nos é muito valoroso. Esse valor tem conotações de querer ficar perto, desejar o convívio, isto é, “ter” a presença – e talvez até mesmo o controle – desse algo.
Para aprender a conviver em harmonia com a nova realidade sem a presença do que nos é querido, temos que nos desapegar do quê ou de quem se foi. Isto nos é geralmente muito difícil. Resistimos a isto. Não queremos. Sofremos por querer que tudo continue como era - e já não é mais possível que assim seja. Desejamos intensamente que o que aconteceu – seja o que for – não tenha acontecido. Queremos que o que se passou não se tenha passado; que o que foi feito não tenha sido feito, que tudo seja “como era antes”. Isto não é algo realizável. Nosso desejo conflita com a realidade do momento. E não há como mudar essa realidade, não há como retroceder no tempo. A realidade nos machuca. Sofremos! Não aceitamos o presente - e o passado não está mais ao nosso alcance: está instalado o conflito da perda, a crise do luto, com seu cortejo de reações de sofrimento.